Programas de Rádio

1. Programa: Dia & Noite | 54 min (2 x 27 min) – por Thelmo Cristovam

Duas partes, dia e noite, com base nas gravações de campo do Thelmo sem manipulação, usando apenas camadas mínimas e edição. a primeira parte, dia, é composta exclusivamente de gravações feitas durante o dia, na segunda parte, a mesma coisa, com gravações noturnas. Gravações diurnas e noturnas adicionais de fontes do Dave Phillips foram selecionadas em colaboração.

2. Programa: Memória das Águas 1 & 2 | 54 min (2 x 27 min) – por Edbrass Brasil

É um “livro de memórias” fictício construído a partir das gravações de campo compartilhadas. A primeira parte utiliza o trabalho de purificação das fontes de água na Amazônia de 2022. Em primeiro plano, ouvir os sons produzidos pela máquina durante o processo de purificação, que, subdivide-se em várias outras etapas, cujo entendimento nos escapa. Os colaboradores foram então solicitados a submeter sons, objetos ou texturas que reforçam a idéia de uma tecnologia desconhecida.

Na segunda parte, além da “máquina de purificação de água”, entra a idéia de deslocamento. Movimento, fuga a pé, em barcos, em motores, etc. Em alguns momentos o clima é ainda mais denso, há perseguição, pequenos grupos são deslocados, movendo-se pela floresta. Os colaboradores foram então solicitados a submeter sons de movimento e de deslocamento.

3. Programa: O vento forte vai derrubar nossas casas & kéro, kéro, kéro (depressa, depressa, depressa) | 54 min (2 x 27 min) – por Rodrigo Ramos

As peças radiofônicas realizadas pelo artista sonoro Rodrigo Ramos durante a residência artística do projeto Amazonia Revisited.

As peças radiofônicas realizadas pelo artista sonoro Rodrigo Ramos durante a residência artística do projeto Amazonia Revisited, utiliza-se das gravações de campo de Thelmo Cristovam em 2006 nos arredores do Lago Mamori, no estado brasileiro do Amazonas, e do material de Dave Phillips, coletado em Challua Cocha, Rio Napo e Yasuni National Park, na Amazônia Equatoriana, em 2011.

Do encontro artístico resultam duas obras de 27 min, a primeira: The strong wind will blow our houses down (O vento forte vai derrubar nossas casas), surge da questão de devastação da Amazônia. Mixando sons de paisagens sonoras (que provavelmente não existem mais como eram em seu momento de captura, por conta do desmatamento), com algumas falas do Cacique Raoni Metuktire, um dos principais e mais antigos líderes indígenas, a peça soa como um aviso do que se perderá se não mudarmos a concepção predatória do mundo.

A segunda peça, kéro, kéro, kéro (depressa, depressa, depressa) busca uma imersão na paisagem sonora da floresta, apreciando timbres e ritmos que se multiplicam na mata. Revisitando e incorporando outro material sonoro amazônico, utilizo as gravações realizadas para a Discoteca Etno-Linguistico-Musical das Tribos dos rios Uaupés, Içana & Cauaburia de 1961. A obra incorpora as flautas Yapurutús, utilizadas pelos povos indígenas Tukano, Arwake e Wanana. O nome da peça faz referência ao som produzido por uma dessas flautas, que em sua transcrição soa como “kéro” (depressa)

4. Programa: Solos e Amazônia Mutações |  54 min (2 x 27 min) – por Dave Phillips

Como este projeto é baseado na colaboração, na primeira parte pedi a cada colaborador uma peça solo de 6 minutos e 45 segundos, com todos os sons provenientes de gravações de campo.

Para a segunda parte, refiro-me à minha idéia de “mutações”. Basicamente esta idéia gostaria de reduzir os humanos ao tamanho de insetos, para que possamos ouvir seu mundo como eles o ouvem. Infelizmente isto é impossível… estas “mutações” usam gravações de campo de origem não-humana, desaceleradas/esticadas no tempo e/ou lançadas por 50 a 198%. gravações de campo desaceleradas jogam com dimensões tempo-espaciais. Relacionado ao tamanho das criaturas gravadas, este jogo surge: “como eu ouviria insetos se eu fosse um inseto?” isto se expande rapidamente para “como eu ouviria/perceberia o mundo se eu fosse um inseto (anfíbio, aviário etc.)?”. tempo-espaço brinca com relações e percepções de tamanho, velocidade, freqüência, luz, som etc. percepção muda através da imersão – fazendo parte de algo….

Em seguida pedi aos meus colaboradores sons que se relacionam com estados de transe, com níveis alterados de consciência.

A segunda peça também aborda a velha discussão de “os animais têm cultura?”. Para explicar sons animais principalmente como territoriais ou para atrair um parceiro sexual – é limitado, condescendente e bastante antropocêntrico – é o mesmo pensamento hierárquico que leva ao patriarcado, à heteronormatividade ou ao racismo. Em troca, o excepcionalismo humano é abordado, o que a ciência mais recente confirma cada vez mais, é um mito.

Estas duas peças celebram o “alto nível” de consciência e cultura animal.

Os programas de rádio foram exibidos nos meses de abril e maio de 2023 nas rádios Tsonami (Chile) e Rede Radio Art (UFMG e UFRJ – Brasil), no mês de junho de 2023 na Radio Bloc-Oral (Canadá). As próximas transmissões ocorrerão entre julho e outubro de 2023 na Framework Radio (Letônia) e serão disponibilizados também aqui no site.

Album Sonoro – Amazonia Re-imaginada (2023)

ARTISTAS:
Ana María Romano G; Renata Roman; Sajjra Xhrs Galarreta, Thelmo Cristovam

O projeto “Amazônia Reimaginada”, com o apoio do programa Ibermúsicas, reuniu compositorxs residentes nos países Amazônicos – Renata Roman (Brasil), Ana Maria Romano G (Colômbia), Sajjra Xhrs Galarreta (Peru), Thelmo Cristovam (Brasil), artistas sonorxs de reconhecidas trajetórias artísticas, nos campos da ecologia acústica, gravação de campo e novas tecnologias, sintonizados com os desafios da nossa época.

A partir do material sonoro capturado na floresta amazônica, no Brasil em 2006, por Thelmo Cristovam, em Challua Cocha, Rio Napo e Yasuni National Park, na Amazônia Equatoriana em 2011, por Dave Phillips, e no Peru, em 2007, por miembros del colectivo Aloardi, xs artistas, num processo híbrido de criação, trabalharam coletivamente na criação de um álbum intitulado Amazônia Reimaginada, composto de 4 faixas e duração total de 49’38”.

Neste trabalho, as noções de escuta pós-colonial, ancestralidades, territórios sonoros, são algumas das nossas ferramentas conceituais para abordar criativamente e reimaginar as paisagens sonoras da floresta amazônica, traçando uma poética inspirada nas suas diversas dinâmicas ecossistêmicas e nas atividades do antropoceno.

O álbum foi masterizado no Brasil e lançado no Bandcamp, em parceria com o selo Aloardi ( PE) e em cassete, com edição limitada pelo Sê-lo Netlabel (BR).

Amazonia Reimaginada é uma ação do projeto Amazonia Revisited. Realizado pelo CMC (Ciclo de Música Contemporânea – Salvador – Brasil) e IOIC (CH) com o apoio de Pro-Helvetia South America (CH), o projeto visa criar novos meios de intercâmbio a médio e longo prazo entre criadores do Brasil, Suíça e América Latina, através de uma série de ações como restauração de patrimônio sonoro, residências virtuais, exposições de processos criativos, lançamentos fonográficos e audiovisuais, em torno da arte sonora e suas diversas modalidades, tendo como principal objeto de pesquisa/criação a diversidade de sons e ambientes acústicos da Amazônia.

FAIXAS:

  1. Imensa
    Renata Roman
    09’47”
    2023
    Compuesta especialmente para el proyecto Amazonia Reimaginada

    Imensa foi composta por gravações de campo sobrepostas e processadas, incluindo amostras do material de cada um dos 3 artistas que registraram as sonoridades, em momentos e pontos diferentes da Amazônia (Brasil, Equador e Peru). Imensa é a floresta.
  2. Lagoa – casa – pássaro – manhã com motor ao fundo
    Sajjra Xhrs Galarreta
    14’13”
    2023

    Usei gravações de campo do projeto “El Grito de la Yacumama” (Puerto Maldonado – Peru, 2007) do Colectivo Aloardi. As gravações foram feitas por Gabriel Castillo Agüero, Sajjra Xhrs Galarreta e Felipe del Águila usando sensores eletromagnéticos, hidrofones e microfones feitos à mão. Composto em Nizhny Novgorod – Rússia e Marselha – França, em diferentes períodos de 2022 e 2023.

    “Eu amo o lugar que se esconde em minha selva
    Eu moro lá com água e sede”

    (Citação da música “Fascination”, do álbum “Sajjra”, de Sajjra Xhrs Galarreta  (Aloardi, 2013)
  3. Árvores que caminham
    Ana María Romano G.
    12’16”
    2023

    Água. Água do rio, água da chuva, água das árvores, água do céu. Ouvir. Sussurrar. Imaginar. Água com a mão, com a noite, com o tempo. Árvores que caminham, que acompanham o calor, que observam, que habitam, que compartilham a umidade. Pássaros e insetos que atordoam as nuvens e embalam a terra. Verde, verde. Eles ressoam, eles reimaginam. Sementes. Espaços, corpos. Esse som fraco se conecta com cada poro e essa luz murmura e se agita. Elas plantam, dão nós, afundam, nadam, tremulam, arrastam, provam. Som e escuta, escuta e som, som e lembrança, escuta para não esquecer. Atravesse a floresta.
  4. Sem t​í​tulo
    Thelmo Cristovam 
    13’22”
    2023

    Gravado em agosto de 2005 nos arredores do lago Mamori por Francisco López.
    Thelmo Cristovam: C Melody Saxofone

CRÉDITOS:
Edbrass Brasil (BR) _ coordenação geral
Thelmo Cristovam ((BR) _ coordenação artística
Fabiana Marques ((BR) _ produção executiva
Tiago Ribeiro (BR)  _ designer

Masterizado por Emygdio, estúdio Capivara, Rio de Janeiro.
Gravação, gráfica, silk e montagem fita cassete por Várias Fitas

Materiais sonoros captados na Floresta Amazônica:
_ Brasil, por Thelmo Cristovam, Lago Mamori em 2006
_ Equador (Challua Cocha, Rio Napo e Yasuni National Park), por Dave Phillips, em 2011
_ Peru, por membros do Coletivo Aloardi (Gabriel Castillo, Sajjra Xhrs Galarreta e Felipe del Aguila), em 2007

Catálogo Virtual – Amazônia Revisitada

(lançamento 2024)

Obra Audiovisual – Amazônia Revisitada

(lançamento 2024)